27 de nov. de 2011

Para Sempre


Era ali, debaixo daquela árvore,na sua sombra frondosa,que ele ia descansar após o árduo trabalho no arado.Ainda se lembra do nome gravado no tronco,no desenho de um coração,com letras firmes e espaçadas.O nome de um grande amor,um amor infinito,grande demais para ser medido com palavras,mas suficientemente bom para ser expressado apenas com um nome,um nome curto e claro. Claro como o vento que ela adorava,limpo como o cheiro do seu sabonete,lindo como aquela árvore,na sombra da qual ela lia seus livros favoritos.Na qual ela lia para ele,no momento perfeito dos dois.
Ele se lembrava perfeitamente dela, como se sua imagem estivesse gravada  à ferro em sua mente e em seu coração.Lembrava dos cabelos negros e cheios,lisos e que batiam na cintura,sempre contidos por um laço enfeitado com uma flor,lembrava do jeito que eles começaram a ficar prateados depois que o tempo começou a fazer efeito. Lembrava do conforto do abraço, da bronca tarde da noite, e do sabor maravilhoso da comida feita no fogão a lenha. Lembrava também da dor de perde-la tão de repente, tão forte e doída como se tivesse acontecido horas atrás e não há anos.Lembrava do choro e do desespero, e do momento em que achara o testamento dentro de um livro ao lado de uma flor seca,a primeira flor que dera á ela, deixando tudo para ele. O dinheiro, a fazenda, os animais, tudo. Lembrava também da felicidade que sentiu ao ver o nascimento de sua primeira filha, cujos olhos lembravam tanto aquela que ele perdera á tanto tempo.
O anoitecer já chegava quando ele finalmente levantou-se da sombra fresca da árvore e partiu rumo a casa que dividia com sua mulher e filhas.Mas antes olhou o nome escrito no coração, encravado no tronco nodoso e disse : “boa noite mãezinha”.

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